domingo, 21 de outubro de 2012

Da nobreza do chorar



      Certo dia andava pela estrada, fazendo umas de minhas viagens, quando vi um garoto a chorar...
Perguntei-lhe se estava precisando de ajuda,  pois chorava tão copiosamente.
Ele somente convidou enquanto chorava para sentar ao seu lado.
Sentei.
E então chorando, ele me falou:
- Se a minha vida fosse um livro... teria escrito nele... pequenos grandes textos, parece comédia né?
E balançando a cabeça confirmando, complementei:
- Poxa, isso só demonstra o quão sensível és! Faltam humildade e alegria nesse mundo.
E então ele voltou a chorar...
Olhei para ele, queria descobrir cada vez mais o porquê de tanto chororô.
Ao parar para respirar, com a voz chorosa, ele continuou:
- Eu já levei muitas cortadas, já me senti escanteado por pessoas em que só queria dar-lhes um simples abraço. E hoje em dia só faço algumas coisas, promessas e luto por alguém quando significa muuuuito, apenas pra mim.
Soltei somente uma palavra:
- Convivência.
E ele abriu um sorriso de lado, mesmo com as lágrimas caindo e me disse:
- Convivência... É exatamente isso que me faz ver as coisas de um jeito melhor. O os acontecimentos terrenos realmente me fascinam e, sobretudo me cativam. O céu lá em cima ta muito carregado, prefiro assim. Você queria saber por quê estava chorando muito?
- Sim sim, eu disse.
E então ele finalmente me respondeu:
- Eu chorava de orgulho, não por ser orgulhoso, longe disso. Por que de tantos anos que vivi, percebo o quão bem pude fazer, o quanto de sorrisos verdadeiros pude trazer, provocar e se tem algo que prezo é o sorriso. Estava aqui chorando por relembrar de tantas histórias realmente cativantes e nas boas lembranças que elas provocam. E se você me der um pouco mais de campainha aqui eu não possa chorar alegremente por esse dia? Lembre-se chorar deve ser encarado como sinônimo de pureza, pois as lágrimas que caem são resultantes do que de fato é amar.

       E então com os olhos quase lacrimejando, pois há muito tempo não sabia o que era chorar, resolvi aceitar aquela pessoa em minha vida, em minhas criações, na arte de conviver. Aproveitando aquele  momento dei mais um passo, um abraço e uma pergunta:

- Vamos comer sushi?

       E ele respondera com uma monossílaba, que naquele momento era melhor do que qualquer livro inteiro de romance.
- Sim.

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