terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Prosas vespertinas

A velha Maricota sentada na cadeira contava 20,21,22
na cadeira balançava.. 36,37,38
Manoelzinho curisoso perguntou para sua vó:
Vó porque você parou no 38?
Porque isso é que nem a vida, balaçamos, contamos coisas, e paramos para respirar..
mas você para muito rapido, disse o menino.
Depende de como você olha...
para as 38 folhas que cairam da árvore sua vida foi longa,
talvez para a própria árvore centenária isso também tenha sido rápida...
o que importa é que há um ciclo que mesmo que não queiramos que aconteça, isso acontece, é por isso que não podemos contar muito, senão passamos a vida contando e não vivendo.
Quando Manoel pergunta:
Então tio Cláudio não tem vida?
Ele é professor de matemática e vive ensinando números...
Lógico que vive...
ele só fala de numeros na escola, fora dela ele vive sua vida normal...
se bem que devia contar menos números e contar mais estrelas com sua família e amigos...
As vezes a profissão sobe em sua cabeça
e esquece que não adianta preencher seu ego, se não tiver cada letrinha da palavra ego,
assim, como não tem como ser árvore sem aquelas 38 folhas que caíram.
Concordo vovó, mais acho que ele tem que se dedicar a seu trabalho, mas é isso vó, cada um escolhe na vida, ser contador, ser folha, ser estrela ou apenas ser um numero contado.



Me permita meu netinho...
entendo que se dedique
contanto que ele saiba que todo contador tem um pouco de folha
cada número tem um pouco de estrela
cada estrela tem um pouco de contador
e tudo tem um muito de vida
e que o importante é saber como se conectar
eu estou me conectando com as folhas, as árvores e as estrelas... não sou só alguém que balança nessa cadeira
sou sua avó, mas também sou jardineira
sou sua avó, mas também tenho de astróloga
sou sua avó, e também a sua amiga
e as formigas? elas já levam as folhas caídas dando continuidade ao belo ciclo da vida.